O sistema de recibo verde baseia-se na ideia de que os trabalhadores independentes emitem faturas pelos seus serviços em vez de assinarem contratos de trabalho tradicionais. Essa modalidade de trabalho atrai muitas empresas e clientes devido à sua flexibilidade. Permite que as empresas contratem serviços sem incorrer nos custos associados à contratação de funcionários em tempo integral, como salários mínimos e benefícios trabalhistas. Além disso, esta flexibilidade beneficia os freelancers, dando-lhes a oportunidade de estabelecer múltiplas relações de trabalho com diferentes empregadores e, muitas vezes, permitindo-lhes trabalhar a partir de casa ou de forma independente. No entanto, o sistema de recibos verdes não está isento de críticas e desafios. Um dos principais problemas reside na falta de segurança no emprego vivida pelos trabalhadores independentes. Sem um contrato de trabalho tradicional, carecem de direitos laborais básicos, como subsídios de desemprego e segurança social. Isto deixa-os numa situação vulnerável em tempos de crise económica ou pessoal. Além disso, a falta de um contrato formal pode dificultar o acesso ao crédito ou a empréstimos bancários, o que limita as oportunidades de investimento ou expansão para estes trabalhadores. O processo de emissão de recibos verdes em Portugal envolve certas responsabilidades fiscais. Os trabalhadores independentes devem registar adequadamente os seus rendimentos e despesas e cumprir as suas obrigações fiscais. Isso inclui a apresentação de declarações fiscais regulares e o pagamento dos impostos aplicáveis. No entanto, este processo pode ser complicado para aqueles que não estão familiarizados com a legislação fiscal portuguesa, conduzindo muitas vezes a erros inadvertidos ou ao incumprimento. Para resolver esta questão, o governo português implementou medidas para simplificar o processo de declaração de impostos para trabalhadores independentes e fornecer orientação e apoio fiscal. Além dos desafios fiscais, o sistema de recibos verdes também gerou debates sobre a falta de direitos laborais e de proteção social para os trabalhadores independentes. À medida que esta forma de emprego se tornou mais comum em Portugal, surgiram questões sobre a necessidade de reformas laborais para garantir maior equidade e segurança a estes trabalhadores. Alguns defendem que deveriam ser introduzidas medidas que proporcionem acesso à segurança social e a benefícios básicos de emprego, sem comprometer a flexibilidade que atrai tantos trabalhadores independentes.